Clélia Romano, DMA
04/11/2020
Muitos astrológos fazem desse tópico um dogma a ser amplamente considerado.
Mas é preciso entender os fundamentos de qualquer técnica que formos usar,é preciso pensar e pesquisar, não repetir, baseados simplesmente em ideias que nunca chegamos a entender bem.
O caso de um planeta a 5 graus da cúspide de uma casa ter influência sobre a casa é um desses fatos que não tem sentido, junto com outros que não cabe nominar aqui e que continuamos usando.
A questão citada sobre os 5º começou com Ptolomeu.
Este autor considerou as casas com alguma irrelevância, mas a questão de Qual Método de construção de casas ele se referiu provocou um grande debate.
Sua constante sobreposição das palavras “lugar” e “signo”, e a maneira como ele se refere ao meio do céu como “o sinal culminante”, foi usada para sugerir que ele considerava “lugares” .
Resta, no entanto, uma passagem altamente significativa, na qual ele oferece uma definição das casas. É o que está contido em seu método de determinação da duração da vida, sendo que os planetas dos quais extraímos tal julgamento devem estar localizados nos lugares poderosos, que ele descreve como segue:
“Em primeiro lugar, devemos considerar aqueles lugares … em que o planeta receberá o senhor da prorrogação; a saber, a décima segunda parte do zodíaco em torno do horóscopo de 5 ° acima do horizonte real para cima, e os o 25 ° que resta, que está subindo em sucessão ao horizonte [isto é, 1ª casa]; a parte sextil destra a esses trinta graus, chamada de Casa do Bom Daemon [11ª casa]; a parte no quartil, o meio do céu [10ª casa]; a parte em trígono, chamada de Casa de Deus [9ª casa]; e a parte oposta, o Ocidente [7ª casa]. ” (Tetrabiblos III.10). Vemos que o autor só aceita como Hyleg um planeta acima do céu.
Isso é tudo o que Ptolomeu tem a dizer sobre a base técnica das casas. Ao avaliar sua importância, o comentário introdutório sobre a 1ª casa é o mais pertinente: tal casa é composta pos 5 graus acima da cuspide do ASC e 25 graus abaixo, 5 ° acima do horizonte real até os 25 ° restantes, aqueles que vão subindo sucessivamente para o horizonte.
Esses 5 ° de deslocamento do ascendente causou muito debate, porque não é bem explicado, mas é a única forma de entender essa “fixação” dos 5º que atribui a cada casa uma influência de um planeta a 5 ° antes da cúspide, como no uso tradicional.
Como disse, essa abordagem é usada hoje por astrólogos treinados em técnicas tradicionais, de modo que , se um planeta estiver a 5 graus da cúspide da próxima casa, ele terá sua influência no contexto daquela casa.
Esta definição é enganosa, porque é claro que o princípio de reconhecimento dos cinco graus que precedem uma cúspide de uma casa é tradicional APENAS considerando-se a primeira casa, independentemente do método de divisão de casas utilizado por Ptolomeu.
Portanto, isso deve ser considerado um princípio de interpretação da casa 1 para localizar o Hyleg ou prorrogador e não um método que funcionaria em todas as casas, pois, nesse caso, cada casa teria que começar 5 graus antes do que começa por qualquer método de divisão, e terminar 25 graus depois!
Tal concepção poderia ter validade em caso de não haver divisão alguma de casas e as constelações se misturarem às seguintes.
Mas essa não é nossa prática: dividimos os zodíacos em 12 signos.
Além disso, se considerarmos que os planetas andam na direção dos ponteiros do relogio e as casas e seu movimento primário em direção contrária aos ponteiros dos relogios, um planeta a 5 graus da cuspide esteve na casa ha um tempo atras, havendo portanto um natural afastamento entre casa e planeta referidos.
A posição do planeta é de se tornar mais distante da casa onde esteve, dado o movimento secundário.O mesmo ocorre com a casa, dado seu movimento diurno ou primário.
Sob o ponto de vista filosófico um planeta a 5 graus de qualquer cúspide e a Casa onde se localizou estão em relação de distanciamento e finalização de relações, não havendo qualquer sentido em usar a técnica de Ptolomeu para todas as casas, quando foi usada por ele para encontrar o hyleg na primeira casa.
Como um aparte, em minha opinião, sugere-se que ele usava signos completos, mas essa é apenas uma sugestão, baseada no parágrafo inicial e que repetiremos aqui:”Em primeiro lugar, devemos considerar aqueles lugares … em que o planeta deve estar que receberá o senhor da prorrogação; a saber, a décima segunda parte do zodíaco em torno do horóscopo, de 5 ° acima do horizonte real para cima para o 25 ° que resta, que está subindo em sucessão ao horizonte [isto é, 1ª casa]; a parte sextil destra a esses trinta graus, chamada de Casa do Bom Daemon [11ª casa]; a parte no quartil, o meio do céu [10ª casa]; a parte em trígono, chamada de Casa de Deus [9ª casa]; e a parte oposta, o Ocidente [7ª casa] “.
Tal parágrafo sugere o uso de signos completos, pois se baseia no sextil com o ascendente, na quadratura , no trigono e na oposição com ele, elementos que outro tipo de divisão de casas não levam em conta.
04/11/2020
Gostei do artigo, Clélia, mas me parece que a questão é mais profunda. A maioria dos astrólogos que conheço usa a tal regra dos cinco graus por causa de Morin (e falam da Lei de Morin), e não por causa de Ptolomeu. Nunca li Morin mas me parece que no caso dele os cinco graus se aplicam em qualquer casa… Ou melhor, qualquer planeta a cinco graus de qualquer cúspide.